domingo, 12 de fevereiro de 2012

Benefício do exercício aeróbico no organismo



Existe um número recorde de pessoas, por todo o lado, correndo, andando, nadando ou se exercitando de várias maneiras. Há muito tempo se sabe que o exercício aeróbico exerce papel importante no organismo humano, tanto na redução de doenças cardiovasculares bem como da reabilitação de doenças já existentes. Ao longo do tempo o homem vem estudando o corpo humano em treinamento, afim de determinar o que o treinamento aeróbico pode trazer de benefícios e modificações para o bem estar físico das pessoas. o presente estudo tem como objetivo realizar uma revisão bibliográfica sobre os efeitos do treinamento aeróbico no organismo, de forma a contribuir, aos colegas educadores, na construção do conhecimento científico.

Efeitos do exercício aeróbico no organismo
O treinamento aeróbico está associado a adaptações em várias das capacidades funcionais relacionadas com o transporte e utilização do oxigênio. As adaptações mais notáveis que acompanham o treinamento aeróbico serão abordadas adiante.


Adaptações metabólicas:


Com um maior controle respiratório no músculo esquelético através do treinamento aeróbico, podemos observar as seguintes adaptações:


- Funcionamento metabólico: segundo Macardle, Katch & Katch (1998, p.378); “as mitocôndrias do músculo esquelético treinado são maiores e mais numerosas, em comparação com aquelas das fibras musculares menos ativas.” Ainda Terjung (1997)p.2 afirma que, “com o aumento das mitocôndrias, há um aumento na  utilização de ácidos graxos como fonte de energia após o exercício.” Piovezan (1985) descreve um aumento de 120% de mitocôndrias no músculo com o treinamento regular.


- Enzimas: existe uma capacidade muito aumentada de gerar ATP aerobicamente através da fosforilação oxidativa”, afirma Macardle, Katch & Katch (1998, p.378). Com esse acontecimento o nível das enzimas no sistema aeróbico aumenta cerca de duas vezes, resultando um aumento na atividade enzimática por unidade de proteína mitocondrial. Essas alterações são prováveis fatores para explicar um baixo acúmulo de lactato durante um exercício prolongado. Piovezan (1985) descreve um aumento na concentração de enzimas implicadas no ciclo de Krebs.


- Metabolismo das gorduras: segundo Fox, Bowers & Foss (1991, p.19); “o sistema aeróbico libera energia para a produção de ATP graças a desintegração de carboidratos e gorduras.” Com o treinamento os músculos conseguem mobilizarem, transportarem e oxidarem a gordura, aumentando o fluxo sangüíneo e maiores quantidades de enzimas para mobilizarem e metabolizarem as gorduras.


- Metabolismo dos carboidratos: os músculos treinados exibem uma maior capacidade de oxidar os carboidratos, com isso grandes quantidades de piruvato penetram nas vias energéticas aeróbicas, aumentando a capacidade oxidativa das mitocôndrias e o maior armazenamento de glicogênio. Rankin (1997, p.2), afirma que “com treinamento de resistência os atletas aumentam significativamente a capacidade de oxidação das gorduras, assim, o organismo permanece ativo por um período mais longo.” Segundo Hurley, B.F.(citado por Macardle, Katch & Katch, (1998, p.379):


O treinamento aprimora a capacidade de catabolizar as gorduras. Durante um exercício prolongado com uma carga constante, a energia que deriva da oxidação das gorduras aumenta muito após o treinamento aeróbico, com uma redução correspondente no fracionamento dos carboidratos. Essa adaptação capaz de preservar (poupar) os carboidratos pode resultar da liberação de ácidos graxos pelos depósitos de tecido adiposo (exacerbada por um menor nível de lactato no sangue) e de uma maior quantidade de gordura intramuscular nos músculos treinados para endurance.”


- Tipo de fibra muscular: o treinamento aeróbico induz adaptações metabólicas em cada fibra muscular. Segundo Macardle, Katch & Katch (1998, p.379), “provavelmente, o tipo básico de fibra não se “modifica” num grau acentuado.”, mas as fibras aprimoram seus potenciais aeróbicos já existentes.


- Tamanho das fibras musculares: segundo Pinheiro (1998, p.3), “existe hipertrofia seletiva nas fibras vermelhas e brancas de acordo com o tipo de treinamento, com sobrecargas específica.”


Adaptações cardiovasculares e pulmonares


O sistema cardiovascular e o pulmonar estão diretamente ligados a prática do treinamento aeróbico, podemos observar as seguintes modificações tanto funcional quanto dimensional nesses sistemas:


- Freqüência cardíaca: a freqüência cardíaca em repouso e durante o treinamento aeróbico diminui, mas isto é visto principalmente em indivíduos sedentários. Esse comentário é descrito por Carneiro (2001). Matsudo (1980) afirma que nos seus estudos a freqüência cardíaca em repouso diminui com atividades físicas regulares. Além de Costill [citado por Fetter (1994, p.10)], assegura que “a freqüência cardíaca de repouso diminui notoriamente como resultado do treinamento aeróbico.”


- Volume cardíaco: segundo Fox, Bowers & Foss (1991, p.235); “há hipertrofia cardíaca nos atletas, ..., caracteriza-se por um aumento da cavidade ventricular e por espessura normal da parede ventricular.” Júnior (1990), afirma também que com treinamento aeróbico o sistema cardiovascular é induzido à uma hipertrofia miocárdica. Nadeau (1985), confirma que há um aumento no volume cardíaco.


- Volume plasmático: ocorre um aumento significativo após 3 a 5 sessões de treinamento. Segundo Macardley, Katch & Katch (1998); também aumenta o transporte de oxigênio quanto a regulação da temperatura durante o exercício.
- Volume de ejeção: o treinamento faz com que exista um aumento de volume de ejeção do coração tanto em repouso quanto durante o exercício. Júnior (1990), confirma esta afirmativa dizendo que com o treinamento aeróbico o sistema cardiovascular é induzido ao um maior volume sistólico ou de ejeção.


- Débito cardíaco: há um aumento do débito cardíaco, resultando um maior volume de ejeção. Um grande débito cardíaco é o que difere atletas campeões de endurance de outros atletas ou pessoas destreinadas.


- Extração de oxigênio: a um significativo aumento de extração de oxigênio do sangue circulante. Isso resulta em uma melhor distribuição do débito cardíaco para os músculos ativos.


- Pressão arterial: o treinamento aeróbico regular tende a diminuir a pressão sistólica e diastólica em repouso e no exercício. A maior redução é da pressão sistólica, isso evidencia-se nos hipertensos.


- Função pulmonar: aumentos nos volumes respiratórios acompanhados pelo aumento do consumo de oxigênio máximo (VO2máx). Segundo Fetter (1994), o VO2máx  tem um aumento médio de 20% com pessoas destreinadas em treinamento regular por 6 meses. Estas alterações são importantes, pois é muito útil em exercícios prolongados, porque com maior eficiência ventilatória significa mais oxigênio para os músculos ativos. Grünewald & Wöllzenmüller (1984), afirma que o treinamento aeróbico traz um aumento da capacidade vital e diminuição do espaço morto do pulmão. Além disso, Nadeau (1985), descreve que há um aumento no número e tamanho dos alvéolos do pulmão através do treinamento aeróbico.


Outras adaptações


Além de termos como principais modificações o sistema metabólico e os sistemas cardiovascular e respiratórios em treinamento aeróbico, possuímos outras adaptações importantes no nosso organismo provido do treinamento:


- Alterações nos níveis de colesterol e de triglicerídeos: os programas regulares de exercícios causam reduções nos níveis de colesterol e triglicerídeos no organismo. Júnior (1990, p.1), cita que com o treinamento aeróbico a um “menor nível de colesterol sérico, LDL e aumento nos níveis de HDL”.


- Alterações nos ossos: pode ocorrer a estimulação do crescimento no comprimento e na circunferência do osso, com baixa intensidade no exercício. Em alta intensidade esses efeitos são inibidos, fazendo aumentar a densidade óssea, Macardley, Katch & Katch (1998).


- Alterações nos ligamentos e tendões: com o treinamento o indivíduo consegue sustentar maiores tensões e, com isso existe menos chances de surgirem lesões nos ligamentos e nos tendões.


- Alterações nas articulações e nas cartilagens: há um aumento na espessura da cartilagem em todas as articulações.


- Alterações na composição corporal: o exercício de endurance regular proporciona uma redução na massa e gorduras corporais, além de um aumento na massa magra. Um maior percentual da perda de peso é representado por gordura, pois o exercício exerce um efeito de preservação sobre o tecido magro do corpo.


- Transferência de calor corporal: os indivíduos treinados e bem hidratados se exercitam melhor em ambientes mais quentes, por causa de um menor volume sangüíneo e dos mecanismos termorreguladores mais solicitados. Como resultado, o calor metabólico gerado pelo exercício torna-se menos prejudicial para a realização do exercício.


- Benefícios psicológicos: o exercício regular, independente da idade, tem a possibilidade de modificar favoravelmente o estado psicológicos de homens e mulheres. Os exercícios regulares podem exercer uma redução no estado de ansiedade, isto é, o nível de ansiedade por ocasião da mensuração; redução na depressão de ligeira a moderada; redução no neuroticismo (em exercícios a longo prazo); coadjuvante do tratamento profissional da depressão grave; melhora no humor, auto- estima e auto- imagem (conceito) e a redução nos vários índices de estresse, Macardley, Katch & Katch (1998).


O indivíduo que se submete a um treinamento aeróbico, provavelmente, desfrutará desses benefícios em repouso e durante a atividade física. Como também, poderá ter uma vida saudável longe de algumas enfermidades, além de melhorar sua aptidão física.     


Conclusão

Sabemos a importância da atividade, mas mesmo assim diversas pessoas não a praticam. A atividade aeróbica, no meu entendimento, é uma das atividades mais importantes que o organismo pode receber, pois com um treinamento aeróbico correto obtemos adaptações metabólicas, cardiovasculares, pulmonares, mudanças nos níveis de colesterol e triglicerídeos, mudanças nos ossos, ligamentos, tendões, articulações e cartilagens. Além de alterações na composição corporal, na transferência de calor corporal e benefícios psicológicos. Mas para que essas alterações benéficas no organismo ocorram é preciso ter acompanhamento de um profissional capacitado em prescrever treinamento aeróbico de qualidade. Entretanto, se não for possível obter este profissional, deve-se ler muito sobre o assunto, principalmente textos científicos qualificados para o assunto.


Por fim, os profissionais da área da saúde, tanto médicos como educadores físicos, devem combater o sedentarismo, conscientizando a sociedade que a atividade física regular, qualquer que seja, nos trás mudanças importantíssimas no nosso organismo que é essencial para uma qualidade de saúde satisfatória durante a vida, e principalmente no final dela.

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