quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

O atleta ocasional


*Texto retirado e adaptado do livro “Sua vida em movimento” do Professor de Educação Física, Marcio Atalla.


Quem não tem o hábito de se exercitar e faz isso de vez enquanto, um sábado ou domingo qualquer, acaba se sentindo cansado, exausto. A vontade de repetir a dose nem sempre vem. Isso é normal. O corpo, habituado ao padrão sedentário parece desconfortável e até agredido com o exercício. O organismo tende a brigar contra a mudança de comportamento gerando mais fome, preguiça, cansaço e até mau humor. Aos poucos, porém, o corpo vai aprendendo a receber o estímulo do movimento e ocorre o contrário – o organismo passa a querer manter o nível de atividade física, encontrando um novo equilíbrio, reorganizando as funções hormonais, o ritmo do metabolismo, o nível de bem estar.

Ser um atleta de fim de semana pode ser perigoso. Muitos acidentes cardíacos acontecem no sábado de manhã, no primeiro pique atrás da bola de futebol. Fazer um pouco de exercício é melhor que não fazer nada, claro. Mas é preciso tomar certas precauções. Começar devagar e tirar o corpo da inércia aos poucos é primordial. Respeitar os limites e não exagerar é igualmente importante. Fazer horas de atividade física em apenas um dia pode provocar lesões, processos inflamatórios nas articulações, dores musculares, torções, ou complicações ainda maiores.

Eu jogo futebol com os amigos quase todo fim de semana, desde 2002. O esporte é mais um motivo para que a gente se encontre, coloque o papo em dia, mantenha o contato e a amizade. Há jogadores de todos os níveis, mais todo mundo se diverte e participa. Um deles, que aliás joga muito bem, só aparecia de vez enquanto e não fazia nenhum outro exercício físico durante a semana. Com o passar dos anos ganhou muito peso e começou a se machucar durante as partidas. Sentia dores pelo corpo, o que fazia faltar cada vez mais aos jogos, e seu nível técnico obviamente piorou, Com o estresse da semana de trabalho e o sedentarismo, sua saúde ficou comprometida: a taxa de colesterol aumentou, a pressão subiu e o risco cardíaco deu sinal de alerta.

Ele sempre me perguntava o que fazer, mas se justificava dizendo que não tinha tempo para nada. Quando se sentia melhor queria jogar umas três horas no sábado e mais três no domingo. Como resultado, ficava menos tempo com a família, o que gerava reclamações da mulher e dos filhos, e ainda passava o resto da semana com dores por todo o corpo. Um dia, ele me contou que se sentia frustrado. Estava cada vez mais gordo, com menos saúde e jogando mal. Resolvi lhe propor que reservasse apenas vinte minutos diários para fazer alguns exercícios, durante pelo menos três meses, e nos fins de semana jogasse as duas horas de futebol e levasse seu filho adolescente para assistir. O que eu queria mostrar para ele era que com apenas alguns minutos diários de uma forma bem programada é possível ganhar condicionamento físico e saúde.

O grande segredo da atividade física é a regularidade. Vale muito mais a pena fazer um pouco todos os dias que fazer muito em um dia só. Passado três meses, ele já tinha perdido seis quilos, conseguia jogar sem sentir dores, e levou o filho para jogar também. Dessa forma, ele passou a jogar três vezes por semana e anda se exercitar vinte minutos por dia, mantendo o corpo sempre em movimento.

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