terça-feira, 31 de julho de 2012
Benefícios da Biomecânica na prática: saiba como montar um treino de força eficaz
Quando o assunto é carga, a Biomecânica aparece na decisão se o treino
terá exercícios monoarticulares, multiarticulares, unilaterais ou com
dois braços
Muitos profissionais de Educação Física têm dificuldade de entender e
utilizar a Biomecânica na sua rotina de trabalho. Para entender os
aspectos físicos da musculação é necessário uma certa familiarização com
a área. A Biomecânica auxilia na escolha dos exercícios focados para
cada grupo muscular. O principal motivo dessa dificuldade de compreensão
dos profissionais de Educação Física é o fato da área estudar as forças
físicas, com o objetivo de ter um melhor entendimento do movimento. De
acordo com o doutor em Educação Física pela Universidade de São Paulo
(USP), Paulo Marchetti, quando se trata de escolher exercícios de força
com um olhar biomecânico, é necessário analisar 3 pontos:
Biomecânica: Condição do aluno
O
que determina a escolha do exercício não é o tempo que o aluno
frequenta academia. Na verdade, não importa se o aluno é iniciante ou
avançado em musculação. O importante é a experiência que esse aluno tem
com a atividade física. Um aluno que tinha o hábito de malhar e fica
parado durante 5 anos, por exemplo, é considerado sedentário. Porém,
como esse aluno já praticou atividade física antes, provavelmente possui
facilidade em executar e aprender os movimentos. Por isso, o primeiro
passo é o planejamento de treino. O planejamento deve analisar todo o
histórico esportivo do aluno e se adaptar aos seus objetivos.
Alunos
iniciantes são colocados para treinar nas máquinas. Um exemplo comum em
academias são os alunos que fazem supino direitinho na máquina, mas na
hora de fazer supino com a barra não conseguem realizar o exercício de
forma eficaz. Se for analisado o movimento realizado, é possível
verificar que o aluno está com uma postura “torta”. Outro exemplo, o
aluno que realiza leg press pode não estar com a mesma forma nas duas
pernas, mas olhando parece que tem simetria. É como um falso controle.
“O ideal é colocar o aluno no supino livre. Alguns professores são
contra o exercício para iniciantes e alegam que a atividade pode causar
lesões. Porém, se o aluno está começando, ele não vai colocar muito
peso, e logo, não vai sofrer graves lesões”, afirma Marchetti,
ressaltando que, “pior é se ele realizar o exercício com uma postura
imprópria”.
Biomecânica: Divisão de treino
É
comum os iniciantes realizarem exercícios que trabalham todos os grupos
musculares no mesmo treino, alternando a série de exercícios durante a
semana. O grande problema está no vício de realizar sempre o mesmo
treino. Muitas vezes os alunos não conseguem realizar o treino com
eficiência por conta do tempo disponível. Uma pessoa que busca um
resultado nas costas e não possui muito tempo pode, por exemplo,
realizar o supino, pois o exercício não está trabalhando apenas as
costas, é um conjunto de músculos que está sendo atingido. Para
Marchetti, o treino tem que depender da frequência do aluno e o mai
importante: não existe treino errado. “Muitos praticantes de musculação
se perguntam: Hoje vou fazer peito com tríceps, ou peito com bíceps?
Tanto faz! Se não houver sobreposição de estímulos, não existe treino
errado”, afirma.
Suponhamos que o aluno realize exercícios para o
peitoral toda segunda e que um dos exercícios seja o supino. Quando
esse aluno for praticar tríceps na terça, não vai respeitar o descanso
muscular indicado, que é equivale a 48 horas. O supino trabalha o
tríceps, e logo, o aluno estaria trabalhando a mesma área novamente.
Esse é um dos cuidados que o profissional de Educação Física deve ter e
que o próprio aluno também deve se atentar, pois é necessário entender o
objetivo de cada exercício e as partes que estão sendo trabalhadas em
seu corpo.
Biomecânica: Dicas de montagem de programas e sistemas de treino
As
pessoas acham que os exercícios que geram o efeito do treino. Na
verdade, não é o exercício que faz isso. O exercício não gera a
hipertrofia. O que está relacionado à hipertrofia são as séries,
repetições, amplitudes, velocidades, entre outros fatores que estão
atrelados na biomecânica com a fisiologia. Mesmo que na literatura
esteja há anos completamente o oposto de sua metodologia, para o
professor Paulo quando se quer hipertrofia para cada grupo muscular deve
ser realizado em média de 9 a 16 séries. “O fato de não ter exercícios
diferentes no treino não significa que o resultado não vai vir”, afirma o
professor, que brinca “às vezes quando estou treinando chega alguém e
pede para revezar, e acho engraçado a reação das pessoas. Alguém pede –
Vamos revezar? – eu respondo – Claro – a pessoa pergunta – Quanto falta
para você terminar? – eu falo – 7 séries – a pessoa sempre fica
assustada”. Para ele, o peso deve ser ideal ao número de repetições que o
aluno estiver fazendo. Uma série com 10 repetições deve ter um peso
adequado para essa repetição. Se o aluno conseguir fazer 11 vezes, já
está errado.
Biomecânica: Erros comuns na prática dos exercícios
Existem
erros que podem ser atribuídos a todos os exercícios e devem ser
considerados durante o treinamento. Paulo ressalta alguns deles:
1)
A excessiva velocidade durante a execução do movimento (mesmo durante o
aquecimento). Recomenda-se que a velocidade seja controlada.
2) Sobrecargas acima da condição física do praticante o que pode comprometer a correta realização dos movimentos
3)
Amplitude reduzida, que pode ser consequência de sobrecargas
excessivas. Acredita-se que para o desenvolvimento da força e
hipertrofia, toda amplitude articular deve ser utilizada. Existem
momentos dentro do planejamento que podemos utilizar amplitudes
parciais, entretanto não devem ser realizadas por períodos extensos,
lembrando que a diminuição de amplitude leva ao aumento da sobrecarga
levantada, aumentando também o estresse articular
4) Imitação dos
movimentos de atletas. Muitas vezes observamos nas academias alunos
tentando realizar os treinos de atletas com muitos anos de experiência.
Embora saibamos que tais atletas tenham atingindo excelentes ganhos com
tais rotinas, generaliza-las para alunos menos experientes ou iniciantes
de erros comuns
Fonte: www.educacaofisica.com.br
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