sábado, 26 de novembro de 2011

Perigos das vitaminas e minerais em excesso




Excesso de Vitamina A

O excesso de vitamina A pode ser tóxico, quando é tomada em única dose (intoxicação aguda) ou durante um período prolongado (intoxicação crônica). Alguns exploradores da região ártica apresentaram sonolência, irritabilidade, cefaléia e vômito poucas horas após terem consumido fígado de urso polar ou de foca, ambos ricos em vitamina A. Os comprimidos que contêm 2 vezes a QDR de vitamina A, vendidos com o objetivo de prevenir e tratar determinadas doenças cutâneas, têm causado ocasionalmente sintomas semelhantes, mesmo quando tomados conforme a prescrição médica.

Nas crianças maiores e nos adultos, a intoxicação crônica ocorre normalmente em decorrência do consumo de grandes doses (10 vezes a QRD) durante meses. Nos lactentes, a intoxicação pode ocorrer em poucas semanas. Os sintomas iniciais da intoxicação crônica são o cabelo escasso e áspero, a queda parcial das sobrancelhas, as rachaduras labiais e a pele seca e áspera.

As cefaléias intensas, a hipertensão intracraniana e a fraqueza generalizada são manifestações tardias. As excrescências ósseas e as dores articulares são comuns, sobretudo em crianças. O fígado e baço podem aumentar de tamanho. Quando uma mulher toma isotretinoína (um derivado da vitamina A utilizado no tratamento de problemas cutâneos) durante a gestação, o seu filho pode apresentar malformações congênitas. O diagnóstico de intoxicação pela vitamina A é baseado nos sintomas e na concentração anormalmente alta de vitamina A no sangue. Os sintomas desaparecem 4 semanas após a interrupção do uso do suplemento de vitamina A.

O beta-caroteno, encontrado em vegetais (p.ex., cenouras), é convertido lentamente em vitamina A no organismo e pode ser consumido em grandes quantidades sem causar intoxicação. O único efeito secundário observado é o surgimento de um tom amarelo-escuro (carotenose), nas palmas das mãos e nas plantas dos pés.

Excesso de Vitamina D
O consumo de uma dose 10 vezes maior do que a QDR de vitamina D durante vários meses pode causar intoxicação, acarretando um aumento da concentração de cálcio no sangue. Os sintomas iniciais da intoxicação pela vitamina D são a inapetência, a náusea e o vômito, os quais são acompanhados pela sede excessiva, aumento da micção, fraqueza, nervosismo e hipertensão arterial. O cálcio pode depositar-se por todo o corpo, sobretudo nos rins, onde ele pode causar uma lesão permanente. A função renal torna-se deficiente, acarretando a passagem de proteínas para a urina. Também ocorre um aumento da concentração de uréia (um produto da degradação metabólica) no sangue.

O tratamento consiste na interrupção do uso do suplemento de vitamina D e na instituição de uma dieta pobre em cálcio, visando reduzir os efeitos da concentração elevada de cálcio no organismo. O médico pode prescrever corticosteróides, para reduzir o risco de lesão tissular, e cloreto de amônio, para manter a urina ácida, reduzindo o risco de formação de cálculos de cálcio.

Excesso de Vitamina E
As doses elevadas de vitamina E, que podem ser administradas aos recém-nascidos prematuros para reduzir o risco de retinopatia, não parecem produzir qualquer efeito adverso significativo. Nos adultos, as doses elevadas produzem pouquíssimos efeitos adversos apreciáveis, exceto o aumento das necessidades de vitamina K, o qual pode causar hemorragia nos indivíduos que fazem uso de medicamentos anticoagulantes.

Excesso de Niacina
A niacina (mas não a niacinamida) em doses superiores a 200 vezes a QDR é prescrita para controlar a concentração alta de gorduras (lipídeos) no sangue. Essas doses podem causar rubor intenso, prurido, lesão hepática, distúrbios cutâneos, gota, úlceras e redução da tolerância à glicose.

Excesso de Vitamina B6
A administração de doses elevadas de vitamina B6 (500 a 3.000 vezes a QDR) prescritas para o tratamento da síndrome do túnel do carpo ou da tensão pré-menstrual podem lesar gravemente os nervos, destruindo parte da medula espinhal, o que torna difícil a deambulação. A recuperação dessa condição é lenta e alguma dificuldade de deambulação pode persistir de modo permanente após a interrupção do uso de suplementos de vitamina B6.

Excesso de Ácido Fólico
Em determinadas condições, o ácido fólico pode ser tóxico. Em doses de 100 vezes a QDR, ele pode aumentar a freqüência de crises convulsivas em indivíduos epilépticos e pode piorar a lesão neurológica nos indivíduos com deficiência de vitamina B12.

Excesso de Vitamina C
As doses elevadas de vitamina C (500 a 10.000 miligramas) têm sido recomendadas por alguns para prevenir o resfriado comum, a esquizofrenia, o câncer, a hipercolesterolemia e a aterosclerose. No entanto, essas recomendações têm pouca ou nenhuma base científica. As doses superiores a 1.000 miligramas por dia causam diarréia, litíase renal (nos indivíduos susceptíveis) e alterações do ciclo menstrual. Alguns indivíduos que interrompem abruptamente o consumo de doses altas apresentam o escorbuto de rebote.

Excesso de Ferro
O excesso de ferro é tóxico e provoca vômito, diarréia e lesão intestinal. O ferro pode acumular- se no corpo quando um indivíduo é tratado com quantidades excessivas ou por um tempo demasiadamente longo, quando ele recebe várias transfusões de sangue ou no alcoolismo crônico. A hemocromatose (doença causada pelo excesso de ferro) é um distúrbio hereditário potencialmente fatal, mas facilmente tratado, no qual uma quantidade excessiva de ferro é absorvida, afeta mais de um milhão de americanos.

Normalmente, os sintomas manifestam-se quando o indivíduo atinge a meia-idade. A sua evolução é insidiosa. A pele apresenta uma coloração bronzeada. O indivíduo apresenta cirrose, câncer de fígado, diabetes e insuficiência cardíaca e morre prematuramente. Os sintomas podem incluir a artrite, a impotência, a infertilidade, hipotireoidismo e a fadiga crônica. Os exames de sangue podem revelar se o indivíduo apresenta excesso de ferro. Todos os familiares de um indivíduo afetado devem ser submetidos a uma investigação. O tratamento de escolha é a sangria terapêutica. O diagnóstico e o tratamento precoces permitem uma vida longa e saudável.

Excesso de Zinco
As grandes quantidades de zinco, geralmente adquiridas através do consumo de alimentos ácidos ou de bebidas acondicionadas em latas com revestimento de zinco (galvanizadas), podem produzir um sabor metálico, vômitos e problemas gástricos. A ingestão de 1 grama ou mais pode ser fatal.

Excesso de Cobre
O cobre que não está ligado a uma proteína é tóxico. O consumo de quantidades relativamente pequenas de cobre livre pode provocar náusea e vômito. Os alimentos ácidos ou as bebidas que se encontram em contato prolongado com recipientes, tubulações ou válvulas de cobre podem estar contaminados com pequenas quantidades deste metal. Quando quantidades de sais de cobre, os quais não estão ligados a uma proteína, são ingeridos de forma inadvertida ou quando compressas saturadas com uma solução de um sal de cobre são utilizadas para tratar grandes áreas de pele queimada, pode ocorrer a absorção de uma quantidade de cobre suficiente para lesar os rins, inibir a produção de urina e causar anemia em decorrência da hemólise (ruptura dos eritrócitos).

A doença de Wilson é um distúrbio hereditário no qual ocorre um acúmulo de cobre nos tecidos, acarretando uma lesão extensa. A doença de Wilson afeta 1 em cada 30.000 indivíduos. Nesse distúrbio, o fígado não secreta o cobre para o interior do sangue e nem o excreta para o interior da bile. Conseqüentemente, a concentração de cobre no sangue é baixa, mas ocorre um acúmulo do mesmo no cérebro, nos olhos e no fígado, causando a cirrose. Na córnea, o acúmulo de cobre produz um halo dourado ou verde-dourado.

Normalmente, os sintomas iniciais são decorrentes da lesão cerebral e incluem os tremores, as cefaléias, a incapacidade para falar, a falta de coordenação e inclusive a psicose. A intoxicação pelo cobre é tratada com a penicilamina, a qual se liga ao metal e promove a sua excreção, sendo um exemplo da terapia de quelação. Para preservar a vida, o tratamento deve ser mantido indefinidamente.

Excesso de Manganês
A intoxicação pelo manganês é comum apenas entre os indivíduos que trabalham em minas e com o refinamento deste mineral. A exposição prolongada produz lesões nervosas, com sintomas que se assemelham ao parkinsonismo (tremores e dificuldade nos movimentos).

Excesso de Molibdênio
Os indivíduos que consomem grandes quantidades de molibdênio podem apresentar sintomas semelhantes aos da gota: incluindo uma concentração alta de ácido úrico no sangue e dores articulares. Os mineiros expostos à poeira de molibdênio podem apresentar sintomas inespecíficos.

Excesso de Selênio
O excesso de selênio pode produzir efeitos deletérios, os quais podem ser decorrentes do uso de suplementos sem prescrição médica em doses de 5 a 50 miligramas por dia. Os sintomas são a náusea, o vômito, a queda de cabelo e unhas, uma erupção cutânea e lesões nervosas.

Excesso de Iodo
A intoxicação pelo iodo é causada pelo consumo diário de quantidades muito grandes de iodo (400 vezes a QDR), algumas vezes como conseqüência do fato de viver próximo ao mar. O excesso de iodo pode produzir o bócio e, algumas vezes, o hipertireoidismo.

Excesso de Fluoreto
Os habitantes de regiões onde a água potável é muito rica em flúor podem absorver quantidades excessivamente altas deste elemento, uma condição denominada fluorose. O fluoreto acumulase nos dentes (sobretudo nos permanentes) e nos ossos. Manchas irregulares de cor branco-giz formam- se na superfície do esmalte dentário, podendo tornar-se amarelas ou castanhas e fazendo com que o esmalte pareça moteado.


Fonte:
Manual Merck

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