sábado, 26 de maio de 2012
Bursite no Quadril
CONSIDERAÇÕES
INICIAIS
Conforme Thompson (1994) bursite é a inflamação de
uma bolsa sinovial, sendo esta bolsa um saco membranoso revestido por células
endoteliais. Ela pode ou não estar em contato com as membranas sinoviais das
articulações. A bursite nas imediações do quadril pode ser extremamente
dolorosa e incapacitante. As bolsas sinoviais do quadril estão localizadas em
áreas de deslizamento dos tecidos, onde funcionam amortecendo os choques. Em
resposta aos traumas agudos ou ligados a solicitação exagerada, essas bolsas
podem aumentar de tamanho, provocando dor aguda.
Foram
descritas aproximadamente 18 bursas no quadril. Apenas três são de importância:
a trocanteriana, a iliopectínea e a isquioglútea ou isquiática.
A bursite
se dá quando ocorre a inflamação da bursa, no caso da trocantérica, localizada
no quadril, mais especificamente próxima a uma proeminência do fêmur, o
trocanter maior. Nesta região se insere o músculo glúteo médio, responsável em
estabilizar a bacia, evitando sua "queda" quando a descarga de peso
ocorre apenas em um membro inferior, como ao damos um passo.
O músculo
glúteo médio não é o único responsável pela estabilização do quadril, já que,
junto com ele, uma estrutura fibrosa muito forte, localizada na região lateral
do quadril, faz este trabalho: a fáscia-lata. Entre o glúteo médio e a
fáscia-lata está a bursa trocantérica, evitando o atrito excessivo entre eles.
Logo
abaixo do trocanter maior insere-se o músculo glúteo máximo, um potente
extensor do quadril, isto é, leva o membro inferior pra trás. Durante a
caminhada e principalmente durante a corrida, este tendão empurra a bursa
contra o trocanter maior repetidamente, aumentando sua pressão, levando assim a
uma maior predisposição à irritação e conseqüente inflamação.
Outra questão importante nesta inflamação é o excessivo desgaste no calcanhar na região póstero-lateral que
resulta em um aumento da supinação no toque de calcanhar, que é transmitido
proximalmente à superfície lateral da perna. Este aumento da tração sobre o
músculo glúteo máximo pela banda iliotibial é a causa lógica da bursite
trocantérica conforme explica Sudek (1993);
A Bursite no Quadril é mais
comum em mulheres entre 40 e 60 anos de idade. A corrida, principalmente de
longa distância como a maratona, assim como o ciclismo, o futebol e alguns
exercícios de musculação são práticas esportivas que tendem a desencadear o
quadro, pois são atividades de esforço repetitivo que podem causar
micro-traumas de repetição, ou lesões por overuse.
O trauma
direto causado por uma queda sobre o trocanter maior ou pancada na região
também pode desencadear a bursite de forma súbita, devido à hemorragia na
bursa, aumento do volume e consequentemente aumento do atrito. Mas, pesquisas
revelam que em 8% dos casos de bursite trocantérica as causas são
desconhecidas.
QUAIS SÃO OS SINTOMAS? A dor localizada
na região lateral do quadril é o principal sintoma, no início ocorrendo apenas
na corrida e ao subir escadas, e em alguns casos na caminhada. Com a progressão
do quadro, a dor pode ocorrer também ao repouso e com irradiação para a coxa.
Algumas pessoas se queixam de dor quando tentam cruzar as pernas na posição
sentada ou ainda quando deitam sobre o lado afetado. A piora da dor é lenta ou
abrupta de acordo com a atividade praticada.
Ao
exame clínico o atleta pode referir dor à palpação na região lateral do
quadril; na maioria das vezes essa dor é localizada, mas em 25 a 30 % dos casos
a dor irradia para a lateral da coxa. É observado também o aumento da
temperatura no local da inflamação. O movimento não fica limitado, porém é
doloroso em situações como a flexão do quadril, abdução (elevar a perna
lateralmente) e rotação interna (girar a perna para dentro).
EXISTEM FATORES DE RISCO? Sim, e muitos
deles podem ser evitados ou minimizados. São eles: encurtamento da fáscia-lata
e do músculo glúteo médio, diferença de comprimento entre os membros
inferiores, pé supinado e alteração pré-existente em coluna vertebral como
artrose, escoliose e hiperlordose.
Em
casos de atletas que apresentam diferença de comprimento de membros inferiores,
a correção pode ser feita utilizando palmilhas ou tênis adaptados, porém essa
adaptação deve ser feita apenas com a indicação de um profissional de saúde,
pois o uso inadequado pode agravar o problema. Geralmente, usa-se adaptações
apenas em diferenças de comprimentos de membros acima de 1 cm.
TRATAMENTO
Fase aguda
Para Petit (2001) compreende os 5 a
7 primeiros dias, durante os quais o tratamento será basicamente
antiinflamatório. Estará indicado o repouso relativo, pelo que se pedirá ao
paciente que reduza sua atividade e permaneça mais tempo no leito. Somente em
casos mais agudos se aconselhará que utilize uma bengala para reduzir o peso
sobre a articulação.
Será utilizada a eletroterapia de alta
freqüência (microondas e ondas curtas) por ser de maior penetração, já que
certas bursites se localizam profundamente. Além de ultra-som pulsátil em
baixas doses. Sudek (1993) sugere no caso da bursite trocanteriana a utilização
de crioterapia.
Fase crônica
Esta fase se inicia quando diminui a
dor aguda (geralmente após uma semana) e termina com a total remissão do
processo agudo. Serão mantidas as mesmas condutas antiinflamatórias da fase
aguda até se completarem duas semanas de tratamento. Em caso de haver limitação
articular (o que nem sempre ocorre) deve-se iniciar as mobilizações passivas.
Nos casos de bursite trocanteriana
Petit (2001) sugere o alongamento dos tecidos, que por ventura apresentam
contratura, como o músculo extensor da grande fáscia e iliotibial, assim como
exercícios para aumentar a força dos abdutores do quadril massagem profunda
para aumentar a flexibilidade da banda iliotibial. A correção do mau
alinhamento com órtese para corrigir diferenças de comprimento dos membros
inferiores ou falhas do mecanismo da marcha e dos erros de treinamento
(superfície da corrida) costumam dar bons resultados.
Nos demais casos se houver uma
diminuição da força muscular, o que ocorre sempre nos processos crônicos,
deve-se iniciar a tonificação com exercícios resistidos e de facilitação
neuroproprioceptiva.
Thompson (1994) refere que a aspiração
onde a bursa constitui um problema pode ser uma boa solução, sendo que uma
injeção de cortisona pode ser aplicada para reduzir a inflamação.
PARA PREVENIR. O treino consciente é sempre a melhor
prevenção de lesões de um atleta. O bom preparo fÍsIco, respeito aos limites
pessoais e o equilíbrio muscular adequado são fundamentais para que a atividade
seja praticada de maneira saudável.
Se
tiver um treinador, procure informá-lo sobre qualquer sintoma de dor ao
movimento ou à palpação na região lateral do quadril. Apresente também o seu
histórico de lesões, quedas, traumas, cirurgias e dores de qualquer natureza,
para que ele possa planejar o seu treino, adotando as precauções necessárias.
Qualquer
lesão tratada no início tem maior chance de cura, menor tempo de tratamento e
permite que o atleta possa voltar a sua atividade com segurança.
Fonte: www.santafisio.com
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